
A não ser que, por história, o SBT entenda os fragmentos de cenas laudatórias e anedotas mais ou menos engraçadas, o que é bem possível. Mas o SBT não está lá muito interessado em história e sim, em "alegria, felicidade", como reiteraram apresentadores, artistas, "animadores" (como qualificar, por exemplo, Sérgio Mallandro?) e até jornalistas e repórteres. Portanto, apenas o marketing basta para firmar uma narrativa engrandecedora.
"Fábrica de sonhos", "a TV de todos os brasileiros e de todos os estilos", "prolongamento de nossos lares, nossas casas", onde "não tem tempo ruim", o SBT reafirmou, nas linhas e nas entrelinhas, sua vocação popularesca, de entretenimento mínimo. Nos programas de auditório, basta ter barulho, agitação e, mais uma vez, alegria (após tantas repetições, a gente já nem sabe mais o que significa o substantivo).
No jornalismo, "notícias importantes e interessantes", mas que, detalhe fundamental, "agradem aos telespectadores". Algumas ausências, entretanto, são notáveis: por exemplo, o assunto "novelas" tangenciou todo o programa, mas foi tratado ora no passado, na memória das novelas infantis e da fase "mexicana" da teledramaturgia do SBT, ora no futuro, em um minidepoimento do recém-contratado Tiago Santiago.
Sobre a novela no ar, apenas uma menção ao trabalho de computação gráfica da abertura de "Vende-se um Véu de Noiva". Ah, e também teve a entrevista da Maisa.
Tratada como símbolo do futuro do SBT, era necessário que a menina viesse a público desfazer o mal-estar causado pelo episódio do menino-monstro, aquele em que Silvio Santos fez a menina chorar em público por duas vezes e culminou no fim da participação dela no programa do patrão.
Obediente e "feliz", também ela fez coro, classificando SS de grande homem e de herói, repetindo que "adora" ser apresentadora e declarando que quer fazer isso para o resto da vida etc. É. De fato, quando passado, presente e futuro apontam na mesma direção, ninguém precisa de história, não é mesmo?
Por Bia Abramo da Folha Online.
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